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Vaqueiro é um termo que designa no Brasil a pessoa responsável por cuidar de um rebanho de gado, de modo análago à concepção americana do cowboy. No Brasil, o Gaúcho no Sul com sua Boleadeira, de origem indígena brasileiro, pois o gaúcho é um indígena brasileiro por origem, misturado com português e/ou espanhol, bem como no Norte do Brasil, onde o português radicado se transformou no vaqueiro que faz uso de indumentária própria feita de couro, composta por Perneira (calça), Gibão (Dolmâ ou Jaqueta de couro, sobretudo), Chapéu(de couro de abas largas dobradas no meio), Peitoral (Avental de couro), Luvas e Botas também de couro. Pois o couro protege a pele do vaqueiro contra queimaduras vindas do Sol e dos galhos e espinhos das árvores da caatinga, mata ou sertão de espinhos verdes, próprios do Brasil de norte a sul, sendo que no sul o sertão se estende a partir de Santa Catarina em estepes, chamado de pampa gaúcho.

Vaqueiro.

Catinga Fechada, catingueira, quebra faca, rama de boi. O que tiver tem que ser levado, destrinchando tudo. Quem anda de bicicleta na catinga, não aguenta. O vaqueiro entra e rasga tudo, deitando da roupa e o cavalo com sua proteção natural e deixa tudo se lascar para sempre, rasgando a catinga.

                                                                                                                                                                                             (Vaqueiro Assis)​​​

O vaqueiro é quando você tem uma fazenda no sertão, e se você não compra uma roupa de couro, o Gibão Perneira, chapéu e sapato, um terno de couro. Se você não der isso para um vaqueiro, ele vai embora, pois ela não gosta do dinheiro, ele gosta da roupa. Com a roupa ele coloca uma faca grande do lado do corpo, o revolver do outro lado, e se lasca no meio do mato enfrentando onça, pegando boi bravo. Essa é a vida do vaqueiro.

                                                                                                                                                                                          (Mestre Expedido)

O Vaqueiro tanto no sul como no norte, pode cuidar do seu próprio rebanho, porém o mais comum, é que o mesmo seja empregado de uma fazenda onde vive como "morador". O mesmo tem como pagamento do seu trabalho um salário específico ou "tirar a sorte" na produção, onde, de forma previamente acertada com o fazendeiro, um percentual dos filhotes que nascerem, serão propriedade do vaqueiro; por exemplo: a cada quatro filhotes um é propriedade do vaqueiro, podendo este, criar, vender trocar ou fazer qualquer outro negócio com a sua produção. A cada ano o gado é separado, contado e tirado o que cabe para uma das partes. Este evento é conhecido popularmente como "Festa de apartação".



Uma das características do Vaqueiro ou sertanejo do sul e do norte é que, além de ser um homem muito trabalhador, também tem que ser um homem destemido na luta com os animais. Muitas vezes, para arrebanhar o gado, é necessário amarrar a rês desgarrada ou prender algum dos animais que estejam postos à venda, sendo necessário, para isto, a "pega do boi na caatinga" utilizando apenas o cavalo e usando a indumentária acima citada. Estando montado a cavalo, ao encontrar a rês desgarrada, corre atrás desta por entre a vegetação da caatinga e puxando o boi pelo rabo o derruba ao solo e rapidamente o amarra.

Após "arreiar o boi" (por arreios) com uma careta (peça feita de couro colocada na frente a cabeça da rês para só permitir que a mesma enxergue com a visão lateral), uma peia (amarrar uma corda unindo uma pata dianteira à pata traseira do mesmo lado impedindo passadas largas) e colocando um cambão (tora comprida de madeira medindo aproximadamente 1,5m de comprimento e 15 cm de diâmetro que, ao ser amarrada no pescoço se posiciona entre as patas dianteiras) impedindo que o boi possa correr e o leva para o curral da fazenda. Esta prática expõe os vaqueiros a muitos acidentes na lida com o gado. Da "Pega de boi na caatinga" é que se originou o Esporte Vaqueijada ou Vaquejada, onde hoje, não só os vaqueiros propriamente ditos, como também vaqueiros esportistas o praticam em arenas apropriadas.

O vaqueiro é a figura central de uma fazenda e operador pois o patrão geralmente é ou foi um vaqueiro. Seu trabalho é árduo e contínuo. Passa grande parte do tempo montado a cavalo percorrendo a fazenda, fiscalizando as pastagens, as cercas e as aguadas (fonte, rio, lagoa ou qualquer manancial existente numa propriedade agrícola). O maior problema enfrentado pelo vaqueiro é o da água de norte a sul, mesmo no Amazonas. Ã€s vezes o gado tem que ser levado por dezenas de quilômetros até os bebedouros. Na época da migração ele tem que conduzir o gado para lugares distantes na ida e na volta, muitas vezes na Amazonas tem água de mais e o gado pode se afogar.



Em algumas propriedades a migração sazonal não é necessária, devido a existência próxima de aguadas. Nessas regiões normalmente os cactos são abundantes, como por exemplo no vale do Moxotó, em Pernambuco. Os restolhos do roçados de algodão, feijão, fava e milho também são usados na alimentação do gado, assim como o caroço de algodão ou ramos da catingueira, do mulungu, da jurema, do angico, que têm que ser podados pelo vaqueiro. Nos anos mais secos, alguns cactos como o mandacaru e o xique-xique precisam ser queimados antes de ser colocados para alimentar os animais. A macambira, além de ser queimada, deve ser ainda picada, no chamado semi - árido, em processo de Desertificação de sertão brasileiro.

Lidar com o gado no Brasil, seja na caatinga ou em outro lugar, cheio de galhos e espinhos é muito difícil, por isso o vaqueiro tem que usar uma roupa própria, com condições de enfrentá-la e que funcione como uma couraça ou armadura. A vestimenta do vaqueiro é caracterizada pela predominância do couro cru e curtido, geralmente, utilizando-se processos primitivos, o que o deixa da cor de ferrugem, flexível e macio (retira-se todo o pelo). Antigamente era usado o couro de veado catingueiro, mas por causa dessa espécie encontrar-se em extinção, passou-se a usar o couro de carneiro e de bode a chamada no sul de pelica. ï»¿A vestimenta compõe-se de gibão ou "dolmã" (no sul, pára-peito ou peitoral, perneiras, luvas, jaleco e chapéu basicamente, além do cantil e outros equipamentos de sobrevivência.



O gibão, dolmã esse sobretudo, é enfeitado com pespontos e fechado com cordões de couro. O pára-peito ou peitoral é seguro por uma alça que passa pelo pescoço. No sul usa-se também um cobertor com um furo no centro, o chamado "poncho". As perneiras que cobrem as pernas do pé até a virilha, são presas na cintura para que o corpo fique livre para cavalgar. As luvas cobrem as costas das mãos, deixando os dedos livres e nos pés o vaqueiro usa alpercatas ou botinas. O jaleco parece um bolero, feito de couro de carneiro, sendo usado geralmente em festas. Tem duas frentes: uma para o frio da noite, onde conserva a lã, outra de couro liso para o calor do dia. O chapéu protege o vaqueiro do sol e dos golpes dos espinhos e dos galhos da caatinga e, às vezes, a sua copa é usada para beber água ou comer.



O seu Dia Nacional do Vaqueiro é comemorado anualmente em 20 de julho. Sendo que segundo os próprios sertanejos, todo o dia é dia de vaqueiro e vaquejada.

A festa tradicionalmente mais importante para o vaqueiro local - pernambucano, celebra-se no terceiro domingo de julho, na chamada Missa do Vaqueiro, numa homenagem a Raimundo Jacó, vaqueiro assassinado por um companheiro em uma disputa em uma chamada "briga de foice (Duelo)", até então aceita como acerto de contas, no município de Serrita, PE, em maio de 1954, segundo a tradição local pernambucana.

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