Catingueira ​- Histórias de Realeza e de Cultura do Sertão.​
O PÃfano e a Religião.
Do Militar para o Popular.
PÃfano (português brasileiro) ou pÃfaro (português europeu) ou ainda pife é uma pequena flauta transversal, aguda, similar a um flautim, mas com um timbre mais intenso e estridente, devido ao seu diâmetro menor. Os pÃfanos são originários da Europa medieval e são frequentemente utilizados em bandas militares. O interesse pelo belo e exótico som vêm crescendo. O renomado multi-instrumentista Carlos Malta modernizou as bandas de pÃfanos com seu trabalho "Pife Muderno" e o tradicional pifeiro João do Pife, apesar de pouco comentado na mÃdia, já esteve em 27 paÃses.
Pife Muderno.
No Brasil, o pÃfano tradicional é um instrumento cilÃndrico com sete orifÃcios circulares, sendo um destinado ao sopro e os restantes aos dedos. No geral, é um instrumento muito similar ao pÃfano de outras regiões do mundo. Pode ser construÃdo com materiais diversos como: bambu, taboca, taquara, osso, caule de mamoneira ou, ainda, como é mais explorado hoje em dia, com cano de PVC, uma alternativa para a escassez de matéria-prima natural. É encontrado em três tamanhos: 65cm a 70cm, chamado "régua-inteiro", 50cm, chamado "três-quartos", e 40cm, chamado "régua-pequena". O som varia de acordo com o comprimento do pÃfano.

O pÃfano é um instrumento tradicional do nordeste do Brasil. Seus tocadores, na maioria, são pessoas humildes que transmitem a cultura do pÃfano pela tradição oral – tanto a confecção quanto o repertório, que em geral dispensa partitura, sendo tocado de ouvido. No Nordeste, ainda se encontram as tradicionais "bandas de pÃfanos", "bandas de pife cabaçal", "esquenta-mulher" ou "terno de zabumba", sendo compostas por dois pÃfanos carros-chefe, acompanhados em geral por um surdo, um tarol e um bombo ou zabumba, além de outros pÃfanos.
O pÃfano brasileiro, mais conhecido regionalmente como pÃfano, é uma adaptação nativa, com influência indÃgena, das flautas populares europeias. Feita de taboca como as flautas indÃgenas, o pife brasileiro é utilizado pelos caboclos nordestinos para cerimônias religiosas e festas. Outros nomes para o pife são taboca e pÃfaro.

Povos indÃgenas do Brasil fabricavam, e ainda fabricam, flautas feitas com bambu taboca. É o caso do Ãndios amondauas, cariris, guaranis e fulniôs. Uma curiosidade a ser ressaltada, é a de que os Ãndios cambembas, de Alagoas, eram considerados incrÃveis tocadores de taboca. O nome "cambembe" significa algo como "tocadores de flautas".[carece de fontes] Outra curiosidade, é o fato de em outros paÃses, como BolÃvia, Peru e Uruguai, haver, em sua cultura musical, instrumentos de sopro idênticos aos pÃfanos brasileiro, porém com outros nomes. E há também, em outros paÃses, instrumentos senão iguais, muito parecidos, como as japonesas shinobue, nohkan e ryuteki, além do bansuri indiano.
As festas e a música feita por esse tipo de banda constitui, junto com outras manifestações, o embrião de gêneros musicais ligados ao forró. É notável, porém, que a disposição dos furos do pife brasileiro veio dos pÃfaros da Europa medieval. Uniformizando no território brasileiro a técnica de se fazer flautas populares.

São conhecidas também, dependendo da região, como carapeba, terno de pÃfanos, cabaçal ou esquenta-muié. Tais bandas são uma marca da cultura nordestina, sendo representadas nas artes figurativas tÃpicas e nas xilogravural de cordel. A tradição também se encontra fora do nordeste, como no estado de Goiás, onde as bandas são chamadas de banda de couros. A formação mais comum utiliza zabumba, caixa (ou caixa de guerra ou tarol), prato e dois pifes (comumente tocados em terças. Esse intervalo parece ser mais uma herança indÃgena, visto que ocorre também a distância tonal de terças nas vozes na música caipira e em outros paÃses como Paraguai e México). Nas tÃpicas bandas de pÃfanos nenhum instrumento encarrega-se da harmonia. Permanecendo apenas a melodia e o ritmo, criando uma sonoridade exótica. Utiliza-se também a formação tÃpica do forró pé-de-serra: sanfona, triângulo, zabumba e pife.
Para João do Pife, pifeiro de Caruaru, "O som do pife veio da floresta. Veio do Ãndio e foi passando de geração em geração". O encarte do disco "Ninguém anda sozinho", de Chau do Pife, explica assim a origem: "A tradição do terno de pÃfanos em Alagoas remonta ao perÃodo colonial e tem origem no encontro com a "música de couro" dos africanos com as flautas indÃgenas. Os Ãndios cambembes, que habitavam a região, eram considerados grandes tocadores de pife. O professor Alfredo Brandão ensina que 'cambembe' significa 'Ãndios tocadores de taboca'".

Porém, assim como toda manifestação cultural do Brasil, a cultura do pife é resultado da influência de várias culturas. As flautas indÃgenas adaptaram-se à chegada da música europeia e passaram a ser feitas com os mesmos furos dos pÃfaros das bandas militares da Europa. Mais tarde, as bandas de pÃfanos do Brasil passaram a apresentar influência africana, adotando um som mais percussivo ainda.

Essas tradições foram absorvidas e adaptadas pelos homens do interior do Brasil para sua cultura e o pife tornou-se um instrumento comum, utilizado para animar toda e qualquer festividade, inclusive eventos sacros como novenas.
Tocadores de Taboca.
O Bambu Tocado.