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A Cestaria é entendida como um conjunto de objetos ou utensílios, obtido através de objetos trançados. Ela compreende a técnica de fabricação de cestos e designa a arte de trabalhar fibras. No sentido mais lato como um conjunto de objetos ou utensílios, obtidos através de fibras de origem vegetal. A cestaria envolve também a fabricação de esteiras assim como objetos de revestimento ou cobertura.Neste sentido a cestaria compreende a técnica de fabricação de cestos ou vasilhas de dois tipos fundamentais: o tipo entrelaçado, que engloba os géneros cruzado, encanado, enrolado e torcido, conforme a maneira de dispor as fibras, e o tipo espiral, com ou sem armação de sustentação. Qualquer um dos tipos está muito vulgarizado e obedece mais propriamente às características da fibra a utilizar, do que a um padrão cultural ou de área geográfica. As peças conforme o uso variam em tamanho e forma assim como a técnica de manufactura. São geralmente peças criadas segundo a sua funcionalidade.

Na Bahia, especificamente no 
Litoral Norte da Bahia, margeando a Linha Verde, nos municípios de Mata de São João e Entre Rios, estas comunidades desenvolvem o trançado Tupinambá, herança indígena. O colorido das bolsas, tapetes, cestos, chapéus, sandálias, chaveiros, encanta aqueles que apreciam um diferente trançado e uma bela história. O desenvolvimento da coleção “Cá e Lá” mostra que da piaçava de cá e das palmeiras de lá, em Moçambique - África, o trançado produzido pelas artesãs é idêntico uns aos outros. Unidas através das associações, aproximadamente 300 talentosas artesãs ganham espaço nacional e internacional com este trabalho. Costa dos Coqueiros: Diogo, Areal, Santo Antônio, Porto de Sauípe, Vila Sauípe, Estiva, Canoas, Água Comprida, Curralinho, Sauípe e Massarandupió.

Existem muitas fontes sobre a origem da cestaria.
Origem Indígena - na fabricação de cestos para transportar objetos ou para armazenagens de alimentos, com a comercialização, os indídenas passaram a fabricar pulseiras, colares, armadilhas de pescas e muito mais.
Origem nômade - A cestaria teve origem nos povos nômades na procura de soluções do armazenamento e transporte de alimentos e na antiguidade.
Origem Persa - Alguns escudos foram feitos de cestaria utilizados na batalhão Persa dos imortais.
Origem Ibérica - Outros dizem que a Vila de Gonçalo foi o berço da cestaria em Portugal e Espanha.

A arte de trançar fibras, deixada pelos índios passa pelas esteiras, redes, balaios, chapéus, peneiras e outros. Quanto à decoração, os objetos de trançados possuem uma imensa variedade, explorada através de formas geométricas, espessuras diferentes, corantes e outros materiais. Os índios possuem grande habilidade para tecelagem, já que sua prática e conhecimento dos trançados e cestarias é bastante desenvolvida. No artesanato de cestas e trançados, destacam-se as tribos do alto Amazonas e Solimões, influenciados pelos povos andinos.

Cestas e Tranaçados.

Existem diversos tipos de fibras: genericamente, elas podem ser de origem animal ou vegetal. No artesanato, as mais comumente utilizadas são as palhas e fibras vegetais. Normalmente, em natura, têm formato alongado, são filamentos, que podem ser contínuos ou cortados, podendo ser fiados, para a formação de fios, linhas ou cordas ou dispostas em mantas e esteiras, para a produção de papel, feltro ou outros produtos.



O trançado de fibras vegetais é uma das artes mais antigas do mundo. As populações tradicionais da Amazônia utilizam inúmeras fibras nativas da região para tecer cestas, mandalas, bolsas e muitos outros produtos utilitários e decorativos. Uma atividade que tradicionalmente atendia à necessidade de utensílios e recipientes para o uso da própria família e comunidade se transformou em uma oportunidade de geração de renda, que valoriza práticas sustentáveis de uso dos recursos naturais, resgata saberes e habilidades tradicionais e valoriza a identidade cultural.



Muitas são as fibras vegetais utilizadas no artesanato brasileiro: cipós, juncos, rattan, taquara, vime, fibra de bananeira, piaçava, sisal, etc. Dependendo da espécie que se utiliza, os processos de beneficiamento e transformação variam; algumas não recebem tratamento e só são colocadas para secar, enquanto que outras são trançadas ainda úmidas. Existem diversos tipos de técnicas de trançado, os tingimentos podem usar corantes naturais extraídos de folhas, sementes ou casca de árvores (como o urucum, o eucalipto, a casca de cebola e açafrão, entre outros), e também são utilizados vernizes e pigmentos artificiais (como a anilina).



É fundamental destacar, a importância da arte do trançado para as culturas tradicionais, como modo de adaptação à natureza para a subsistência, geração de trabalho e renda, e afirmação da identidade cultural e étnica. Ressalta-se, ainda, que o artesanato de fibras vegetais foi pouco abordado na literatura acadêmica até os dias de hoje, sobretudo no campo do design. Os produtos que a Artenata oferece, em geral são feitos com os tipos de palha listados abaixo.

Palha da Carnaúba.

A palha da carnaúba é muito utilizada para desenvolver peças artesanais como cestas, trançados, bolsas, chapéus e caixas de beleza inigualável e muito apreciada por turistas que visitam a região, tornando-a também em fonte de renda da população local. A palha da carnaúba também é usada como alimentação animal, estes, em tempo de escassez come as folhas (palhas) das carnaubeirinhas pequenas, chamadas pindoba.



Em março de 2004, a carnaúba foi instituída como árvore símbolo do Ceará. A decisão foi tomada considerando a importância de promover a conservação da biodiversidade, do desenvolvimento sustentável e do reconhecimento do valor histórico, cultural e paisagístico da árvore.

​Sisal

O Sisal é uma planta originária do México. Os primeiros bulbilhos da Agave sisalana foram introduzidos na Bahia, em 1903, pelo Comendador Horácio Urpia Júnior nos municípios de Madre de Deus e Maragogipe, trazidos provavelmente da Flórida, através de uma firma americana, foi difundido inicialmente no estado da Paraíba e somente no final da década de 30 na Bahia. Atualmente o Brasil é o maior produtor de sisal do mundo e a Bahia é responsável por 80% da produção da fibra nacional.


O sisal teve seu apogeu econômico durante a Crise do Petróleo nas décadas de 60 e 70. A utilização das fibras sintéticas, porém a necessidade de preservação da natureza e a forte pressão dos grupos ambientalistas vem contribuindo para o incremento da utilização de fios naturais.



Os principais produtos são os fios biodegradáveis utilizados em artesanato; no enfardamento de forragens; cordas de várias utilidades, inclusive navais; torcidos, terminais e cordéis. O sisal também é utilizado na produção de estofos; pasta para indústria de celulose; produção de tequila; tapetes decorativos; remédios; biofertilizantes; ração animal; adubo orgânico e sacarias. As fibras podem ser utilizadas também na indústria automobilística, substituindo a fibra de vidro. Uma fibra sintética demora até 150 anos para se decompor no solo, enquanto a fibra do sisal, em meses, torna-se um fertilizante natural.

Capim dourado

O Capim dourado é uma espécie de capim (Singhnantus sp) que existe somente na região do Jalapão, localizado no estado do Tocantins, com a palha do qual se faz artesanatos, tais como: pulseiras, brincos, chaveiros, bolsas, cintos, vasos, peças de decoração entre outros.
Sua característica principal é a cor que lembra a do ouro. A principal localidade, onde começou o desenvolvimento da produção artesanal, é Mumbuca em Tocantins, um vilarejo localizado no município de Mateiros. Atualmente esses artesanatos são produzido em outras localidades da região do Jalapão.
O Capim Dourado só pode ser colhido entre 20 de Setembro e 20 de Novembro para que não entre em extinção. Existem regulamentações no estado do Tocantins que proíbem a saída do material “in natura” da região, somente em peças já produzidas pela comunicade local, visando assim a sustentabilidade ambiental, social e econômica do local.
O artesanato Capim dourado foi mostrado pela primeira vez a um grande público em 1993 na primeira FECOARTE (Feira de Folclore, Comidas Típicas e Artesanato do Estado do Tocantins) em Palmas Tocantins.
Incentivados pela primeira-dama do municipio, Eleusa Miranda Costa, os Artesãos apresentaram um trabalho que despertou o reconhecimento do publico em geral e das autoridades presentes, classificando o artesanato de mateiros em primeiro lugar pela originalidade das peças em capim dourado. Atualmente, as peças já produzidas em capim dourado podem ser encontradas em diversas partes do BRASIL.

A Associação Capim Dourado foi criada em 2000 por um grupo de artesãs do Povoado de Mumbuca, em Mateiros, Tocantins. O objetivo da associação é manejar o capim dourado (Syngonanthus nintens), além de organizar e estimular a comercialização do artesanato, que constitui a principal fonte de renda das comunidades residentes no interior do Parque Estadual do Jalapão.


Com o Projeto Certificação do Artesanato do Povoado de Mumbuca, apoiado pelo PPP-Ecos, a associação pretende atestar a qualidade e a origem dos produtos do capim dourado, por meio do fortalecimento das técnicas produtivas dos artesãos e artesãs de Mumbuca, visando à sua melhor inserção no mercado. Além disso, a associação pretende tornar a área em que vivem as 22 comunidades, hoje transformada em Parque Estadual, em Reserva de Desenvolvimento Sustentável, como forma de manter a identidade cultural das comunidades tradicionais econtinuar promovendo a conservação do Cerrado no entorno do Parque Estadual.

Taboa.

A taboa (Typha domingensis) é uma planta hidrófita (aquática) típica de brejos, manguezais, várzeas e outros espelhos de águas. Mede cerca de dois metros e na época de reprodução apresenta espigas da cor café contendo milhões de sementes que se espalham pelo vento. Altamente adaptável, encontra-se espalhada por todo o mundo, e em algumas partes é até mesmo considerada uma praga. A sua fibra, durável e resistente, pode ser utilizada como matéria-prima para papel, cartões, pastas, envelopes, cestas, bolsas e outros itens de artesanato. É uma depuradora de águas poluídas, absorvendo metais pesados.

Piaçaba.

Piaçava, piaçaba ou piaçá (Attalea funifera) é o nome comum de uma espécie de palmeira nativa dos estados brasileiros de Alagoas, Bahia (região sul), Espírito Santo e Sergipe. Seu nome tem origem na língua tupi, significando “planta fibrosa”, devido ao seu caule característico. A fibra dura e flexível é extraída das margens dos pecíolos e utilizada na confecção de vassouras e escovas. Suas sementes, por sua vez, fornecem marfim- -vegetal.

Também é conhecida pelos nomes de coqueiro-piaçaba, japeraçaba, pau-piaçaba, piaçabeira, piaçaveira e vai-tudo. Observa-se que “Piaçava” é o nome dado a palmeira na Bahia, a qual se retira também fibras pra a fabricação de vassouras. Sendo que esta tem fibras mais duras que a “Piaçaba”, árvore da mesma família só que encontrada na Amazônia.

Palha de Bananeira.

O artesanato com a palha e a fibra da bananeira possibilita a confecção de uma grande variedade de produtos tais como cestas, bolsas sandálias, tapetes, colares, pulseiras, etc.A Palha da bananeira é produzida a partir das bainhas foliares extraídas do pseudocaule da bananeira, que equivale a seu tronco. O corte do pseudocaule é uma prática adotada no sistema de cultivo da banana. Após a colheita do cacho costuma-se retirar a bananeira mãe, cortando-se se pseudocaule de modo a dar espaço para o crescimento dos filhotes.



Do pseudocaule da bananeira é possível extrair vários tipos de palhas, cada uma com uma característica diferente: as palhas mais finas (utilizadas para dar acabamento, costurar, adornar, etc.) são chamadas de filé e contra-filé; as mais grossas (utilizadas para trabalhos mais rústicos) são chamadas de palha inteira; das três camadas que é constituída a palha inteira retira-se a palha interna (menos resistentes), a redinha (toda vazada) e a palha raspada (extremamente resistente).

Palha de Milho.

O artesanato feito a partir da palha de milho vem se tornando uma tradição em diversas comunidades brasileiras. Em Minas Gerais, sobretudo nas regiões da Zona da Mata e no Vale do Jequitinhonha, as artesãs utilizam a palha do milho na confecção de diferentes produtos: bonecas, flores, bancos, cestos e outros.

A palha de milho tem características que, à primeira vista, podem passar despercebidas. A textura é uma delas. Quanto mais maleável for a palha, mais fácil fica para as artesãs manipularem e criarem seus produtos.

Palha de Buriti.

O buriti (Mauritia flexuosa) é uma das mais singulares palmeiras do Brasil. É uma espécie abundante no Cerrado e um indicativo infalível da existência de água na região.



As folhas geram fibras usadas no artesanato, tais como bolsas, tapetes, toalhas de mesa, brinquedos e bijuterias. Os talos das folhas servem para a fabricação de móveis. Além de serem leves, as mobílias feitas com o buriti são resistentes e muito bonitas. As folhas jovens também produzem uma fibra muito fina, a “seda” do buriti, usada pelos artesãos na fabricação de peças feitas com o capim-dourado.

Palha de Cana.

A “palha de cana” é a denominação popular toda parte aérea da planta menos os colmos industrializáveis. No campo a palha apresenta diversos benefícios agronômicos e algumas poucas desvantagens. Na indústria a palha pode se tornar fonte de energia, o que também exige tecnologia e investimentos. No artesanato, é utilizada para confecção de cestos e artesanato variado, também de rica criatividade e beleza.

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