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Marinês.

Geraldo Azevedo de Amorim.
Petrolina - Pernambuco
11 de janeiro de 1945
Site: www.geraldoazevedo.com.br

Carreira

Da primeira vez que se apresentou  num  programa  de calouros, na extinta Voz da Democracia, em Campina Grande, na Paraíba,  Marinês ganhou o prêmio de primeiro  lugar . Eleita pelas palmas do público, que se concentrava na frente da rádio, levou  pra casa um sabonete eucalol. Era o início de uma carreira que comemora meio século divulgando os ritmos nordestinos genericamente chamados de forró.
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                                                                                         "Sou o único mito vivo da música nordestina".

Fosse o baião  simbolizado  pelo triângulo  e , sem dúvida, Marinês seria o vértice, tendo Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga na base. Coroada pelo velho Lua Rainha do Xaxado, Marinês é o ''último mito vivo da música nordestina", como gosta de frizar, sua voz possante e cristalina,  como água limpa de serra abaixo ainda se preserva e supreende como no  último CD "50 anos de forró" em  que emparelha o  gogó  com  mais treze discípulos.  divididos.



Filha do ex-cangaceiro do bando de Lampião Manoel Caetano de Oliveira e da dona de casa  Josefa Maria de Oliveira, dona  Donzinha, a menina Maria Inês Caetano de Oliveira nasceu em 1936, em São Vicente Ferrer , Pernambuco. Seria a Paraíba que acolheria no   lombo da Borborema, em Campina Grande,  a  família que se mudou em 1940. Ali viveu a infância, a mocidade, o começo da  carreira e a união  com  o sanfoneiro Abdias.


As músicas que mais atraiam a sua  atenção eram os sucessos do Rei do Baião, divulgadas pelo altos falantes em postes das difusoras de Campina Grande. Qui nem Jiló,  Respeita Januário, Xanduzinha, No Ceará não Tem disso  não  e Asa Branca, eram apenas algumas músicas que ela já sabia de cor  por lhe tocarem a alma de sertaneja.

A primeira vez que viu seu Luiz, influência capital  no desenvolvimento de seu estilo foi em 1950 , comício para escolha do Governador da Paraíba. Luiz Gonzaga estava animando o comício do candidato Argemiro de Figueiredo e do candidato  a  senador pela UDN Pereira Lyra, que encomendaram a ele e a Humberto  Teixeira a música da campanha, chamada "Paraíba",  hoje considerado uma espécie de segundo  hino  do estado.



Nesta mesma época, Maria Inês ingressa no ginásio no Colégio das Damas, frequentado  pela classe média local. Sua estada por lá não iria durar muito. Ainda no primeiro  ano largaria os estudos. Motivo: a velha falta de dinheiro. Não  tirou por menos, sabedora do seu potencial  vocal, se engajou na Voz da Democracia, no bairro da Liberdade.



e logo estava no papel de locutora. Passou depois para a difusora A Voz de Campina Grande. Só  ia  entretanto adentrar o mundo da música profissional em 1951, quando  pelas mãos do compositor Rosil Cavalcanti (Sebastiana) ,  e do Diretor da Rádio Cariri, Arnaldo Leão,  assinou  contrato se integrando ao  time  da rádio. Debutou  com  o bolero Dez anos,  número  integrante do seu repertório romântico.



Sempre chamando atenção  pelo seu canto afinado e pujante, atraiu a atenção dos diretores da Rádio Borborema,  que a contrata para os seus programas de auditório em 1952. No mesmo ano contratariam o sanfoneiro paraibano Abdias Farias. Começam a namorar e após pedir permissão aos pais da moça , o talento  da consertina se casa com  a  Maria Bonita do Forró ,dois anos depois. Cerimônia simples,  só parentes e mais uns chegados.



Rescindem contrato com  a Rádio Borborema e recebem em seguida convite  para integrar o cast da Rádio Difusora de Alagoas- RDA-  antigo lar  artístico de Abdias.  Foi  preparada toda uma festança para a estréia do casal. Desde o  programa de estréia Marinês roubou as atenções, castigando seu triângulo, xaxando  que nem uma carrapeta. A apresentadora os batizaria como o "Casal da Alegria". Começaram a fazer alguns shows pelo interior do estado e a  fama do casal começou  a reverberar por outras praças nordestinas

No Ceará acham  o terceiro  elemento.

De Fortaleza surgiu um convite para trabalhar  na Rádio Iracema, onde as condições empregatícias eram melhores.  Lá encontraram o  terceiro  elemento, que iria fechar um  formato pronto  a ganhar  o  país.
O zabumbeiro Cacau, que tinha tocado com Luiz Gonzaga no começo dos anos 50, estava em Fortaleza "por acaso",  procurando  emprego onde pudesse martelar sua zabumba. Abdias vislumbrou logo a possibilidade de montar  um trio de forró, tocando repertório de Jackson do Pandeiro e de Luiz Gonzaga. Ele afunfando o fole, Marinês tilintando seu triângulo e  Cacau castigando a zabumba.
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Gonzaga de saias.
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Com repertório afiado, zarparam na  lapa do mundo, tocavam em bibocas, cinemas ,  circos,  alugavam armazéns e iam disseminando o  novo  ritmo  criado por Gonzaga. Este,  por sua vez, ia tendo notícia aqui  e alí de um trio que tocava suas músicas:  "a moça é uma Gonzaga de Saias", diziam."O primeiro encontro, acontecido em 1955,  é narrado por Marinês:  " Foi  quando eu fiz um show em  Propriá (Sergipe) e Pedro Chaves, o prefeito na ocasião, apaixonado  por Luiz Gonzaga , ofereceu um busto na praça. Eu  e meu marido dissemos que tínhamos muita vontade de conhecê-lo  pessoalmente. Ele,  então, nos contrata para fazer  um show justamente no  dia que Gonzaga ia inaugurar a Praça. Ele nos botou num apartamento junto do apartamento do   Gonzaga,  porta com  porta.  Quando  chegamnos lá, Luiz Gonzaga já estava sabendo que  tinha essa  cangaceirinha, como ele me chamava, cantando as músicas dele. Quando o Pedro Chaves  disse: a Marinês  está  aí. Ele bateu  em nossa porta e disse: -Vocês são meus convidados  para comer comigo na mesa.  Eu tremia, nem comi direito, nervosa com o impacto da presença, uma coisa que eu sonhava. Almoçamos e ele disse:  eu vou lhe ensinar a dançar xaxado  porque eu estou precisando de uma rainha do xaxado. Tenho  a princesinha do baião, que era Claudete. Aí ele foi dançar comigo", recorda.

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Após a apresentação Gonzaga prometeu  dar uma força à Patrulha de Choque,  acenando  com canais abertos em rádios e gravadoras. no Rio , onde morava. Em março de 1956 a  trupe chegou no Rio e se hospedou na casa de Helena  Gonzaga, madame baião, e do  rei. Apadrinhados desde o encontro em Sergipe, Gonzaga saiu a apresentá-los nos programas  na Rádio Mayrink Veiga - onde coroou em  terras do Sul  oficialmente a Rainha do Xaxado. Tocaram também nas rádios Nacional  e Tupi.



Depois de divulgá-los, o  cantor de Asa Branca destitue a Tropa e os incorpora à  sua nova produção: "Luiz Gonzaga e Seus Cabras da Peste". Abdias ia pro agogô -  só tocava sanfonaquando luiz dançava - Zito Borbortema  no pandeiro, Marinês no triângulo e Miudinho na  zabumba.

Neste ano Marinês registrava em disco sua voz pela priemira vez,  na faixa Mané e  Zabé, de Gonzaga. O novo grupo partiria para uma excursão à capital meneira para celebrar o aniversário de uma emissora associada. Na volta,  ogrupo  teve que enfrentar o ciúme de Helena Gonzaga que exigiu ao rei a dissolução do grupo. No começo de 1957 Marinês se apresentou no programa Rancho Alegre , da rádio Tupi. Antes de entrarem em cena o apresentador Chacrinha apontou para cacau  e Abdias e perguntou  a cantora:

- Quem são esses aí ?
- É minha gente, explicou.

De bate-pronto o velho guerreiro anunciou: Marinês e sua gente. A partir de hoje você vai ser Marinês e  sua gente. No  ano seguinte sua grande chance.

Arte.

Cantora
Compositora

Alguns Sons.

Discografia.

Vamos xaxar (1957) SINTER (10 polegadas)
Aquarela nordestina (1959) SINTER LP
Marinês e Sua Gente (1960) RCA LP
O Nordeste e seu ritmo (1961) RCA LP
Outra Vez, Marinês(1962) RCA Victor 78
Coisas do Norte (1963) RCA LP
Siu, siu, siu (1964) RCA LP
Maria Coisa (1965) RCA LP
Meu benzim (1966) RCA LP
Marinês (1967) CBS LP
Mandacaru (1968) CBS LP
Vamos rodar roda (1969) CBS LP
Sonhando com meu bem (1970) CBS LP
Na peneira do amor (1971) CBS LP
Canção da fé (1972) CBS/Entré LP
Só pra machucar (1973) CBS/Entré LP
A dama do Nordeste (1974) CBS/Entré LP
A volta da cangaceira (1975) CBS LP
Nordeste valente (1976) CBS/Entré LP
Meu Cariri (1976)CBS/Entré LP
Balaiando (1977) CBS RIO LP
Cantando pra valer (1978) Copacabana LP
Atendendo ao meu povo (1979) Copacabana LP
Bate coração (1980) Copacabana LP
Estaca nova (1981) Copacabana LP
Desabafo (1982) Copacabana LP
Só o amor ilumina (1983) PolyGram LP
Tô chegando (1986) BMG-Ariola LP
Balaio de paixão (1987) BMG-Ariola LP
Feito com amor (1988) Continental LP
Marinês, cidadã do mundo (1995) BMG CD
Marinês e sua Gente. Raízes do Nordeste (1998) Copacabana/EMI
Marinês e sua Gente-50 anos de forró (1999) BMG CD
Marinês (2000) BMG CD
Cantando com o coração (2003) Independente CD
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Marinês canta a Paraíba (2006) Independente CD com ela no show  de promoção do seu CD forrós " Flor da Paraíba". O diretor artístico  de sua gravadora (BMG) , Jorge Davidson gostou do  que viue ouviu e comprou a sugestão de Elba  em produzir  um  disco de sua professora.



Dentre as 17  musicas do CD-  que traz um texto  de Gilberto Gil - grava novos talentos como Lenine  e  Siba , do Mestre Ambrósio, presentes na inédita Coco da Mãe do Mar, cantada com Lenine. Com Elba divide os vocais em Forró das Cumadres ,  de João Silva. Com  Genival Lacerda  gravou a  buliçosa Forró do Beliscão. Além destes estão  presentes:

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Alceu Valença, Dominguinhos, Margareth Menezes e outros. Para alegria dso seu público  a voz nordestina de Marin6es ainda demonstra a pujança sonora e altiva de outrora.Ainda bem que a velhice não  lhe roubou a pujança da voz. O novo CD ,  Marinês &  sua gente: 50 anos de forró esta nas lojas  pra quem tiver  duvidando.

Curiosidades.

A volta da música nordestina.​



A música nordestina, esquecida e  preterida pelas novas modas musicais começava a ser resgatada. João do Vale alguns anos antes, mesmo em meio a torrente  da Jovem Guarda,  já prenunciava a volta do Nordeste. Em 65 integrou  no show "Opinião", com Zé Keti, Nara Leão depois substituida pela iniciante Maria Bethânia. Ao mesmo tempo os novos talentos, a exemplo  de Geraldo Vandré e Sergio Ricardo, começavam a utilizar os ritmos nordestinos para expressar suas músicas de cunho social.



A veterana artista não ficou imune a esta nova corrente , seu LP de estréia na CBS se chamava simplesmente "Marinês" mas contém nada menos que quatro parcerias de Gilberto Gil com outros autores que mais tarde se denominariam tropicalistas. São elas Aboio, com Capinam,  Procissão ,  só de Gil , Vento de Maio com Torquato Neto Viramundo , com Capinam.



Outro autor incluido no disco foi Sérgio Ricardo, compositor e cantor  paulista  que fez em parceria com o cineasta baiano Glauber Rocha a trilha sonora do longa metragem  "Deus e o diabo na Terra do  Sol".  Marinês escolheu Mutirão, aquela  que diz : Vou renovar, pra quem vê tudo perdido/Mutirão é fim de pranto /treme a terra ouvindo o canto do  irmão/ que vem ajudar.
No LP seguinte "Mandacaru" a faixa  destaque foi a bem bolada " Urubu  tá com  Raiva do Boi " , de Geraldo Nunes e Venâncio . A letra tinha cunho de protesto e dizia :  Deduração, o cara louco  que dançou com  tudo/ Entregação  do dedo de veludo, com  quem  não tenho   grandes ligações./ Urubu  tá com  raiva do boi/  e eu já  sei que ele tem razão/ ée que o  urubu  não  pode devorar o  boi/  todo dia chora,  toda dia  chora.



No LP "Vamos Rodar a Roda" ela regrava Qui nem Jiló, de  Humberto Teixeira  e Luiz Gonzaga  e  Baião Granfino,  de Gonzaga e Marcos Valentim. Os anos 70 ouviram a forrozeira pela primeira vez no LP "Sonhando com  meu bem" , gravado  no  clima de euforia do tricampeonato de futebol.  Neste  LP , ela grava dois forrós do então prodígio da sanfona  Dominguinhos, em parceria com a cantora Anastácia:  "Um mundo de amor" e "De amor eu morrerei ".


"Na peneira do amor" é seu 15º LP,  lançado  em 1971. A obra afirma cada vez mais a parceria de Mrinês e sua gente com o  poeta e compositor  de forrós Antônio Barros,  excelente compositor de marchas. Sua média de colaboração é de pelo menos quatro músicas por LP  de Marinês. Os destaques do  disco são os forrós "Amor sem fim" , "Na peneira do amor", ambas de Barros e "Bem melhor é brincar",  de Lindu, sanfoneiro do Trio Nordestino,  e do sambista de Salvador,  Zé Pretinho  da Bahia.


Depois desse viria o LP "Canção da Fé". O xaxado é quem  dá as cartas novamente. "Sem Vergonheira", de Antônio Carlos e Jocafi e gravada pela banda Os Incríveis ganha interpretação  de Marinês e  é bem executada no São João de 72. A homenagem  ao famoso escultor mestre Vitalino é feita na faixa Vitalino, de Onildo Almeida e "Campina Grande",  de José Orlando é gravada  em homenagem a terra que a consagrou.


O LP "Só pra machucar", de  73 destila alguns clássicos do seu repertório como  Bananeira Mangará, de Janduhy Filizola -  regravada depois por Rui Maurity. Eu quero um  xodó e Matando na Unha são as colaborações de Dominguinhos e Anastácia.  No próximo LP finalmente o reconhecimento.



  "A Dama do Nordeste" é disco de ouro".



Certamente "A Dama do Nordeste." não é o melhor Lp de Marinês . Pérolas como "Aquarela Nordestina" são uma aula de ritmos e cantos. Entretanto, foi a partir do momento que a cantora fez um album de perfil  mais eclético que  o público, não só  de forró, pode apreciar sua desenvoltura em outros estilos - o que não era novidade desde os tempos dos auto-falantes em Campina Grande em que  cantava choros e boleros. "Carinhoso"de Pixinguinha e João de Barro , "Romaria", de Piska  e "Chore e Namore", de Pedro Paulo  e Othon Russo são os destaques.

Marinês adere ao Carimbó.



Em meados dos anos 70 a música paraense ganharia seus 15 meses de fama no cenário nacional. Popularizado fora da região Norte pelo cantor Pinduca e por  Eliana Pittman, o carimbó, sirimbó e ciriá, ritmo típico das regiões amazônicas tinham como principal artista Mestre Menelau ganharam o  gosto do  público em  meados da década de 70.. Marinês, que já tinha familiaridade com o ritmo vizinho gravou em seu LP de 75 , "A Volta da Cangaceira" , o Carimbó do Marajó,  de Aluízio  e Toinha. O povo  gostou e a música estourou.

No  emabalo  do suíngue  nortista  seu LP de 76, "Nordeste Valente" incluiria mais duas músicas deste gênero: Carimbó  da Vovó Sinhá  e "No Laço  da Carimbó",  de Naldo Aguiar. Foi nesta época que a cantora se  separou de seu marido, mas  não do sanfoneiro. Abdias  e Marinês continuaram  amigos  e o instrumentista  continuou a fazer os  arranjos e a gravar em seus discos.

O ano de 77 seria bondoso para a Diva do Forró. Dá seu good bye à CBS com O LP "Bailando", seu segundo disco de ouro. Neste LP   gravou Chico Tuiu e Cantando feito cigarra ,  do  poeta Vital Farias. Outras faixas que puxaram as vendagens do  disco  foram Coqueiro Seco , Esquinado,  e Bailando ,  todas de Tarcísio Capistrano. No ano seguinte pularia para a gravadora Som/Copacabana.



Sua  estadia nesta gravadora renderia seis  discos. O primeiro,  lançado em  78 sob  o  título de "Cantando pra Valer" entrou de sola com a faixa Por debaixo do pano , sucesso alguns anos depois na voz de Nei Matogrosso e que já tinha sido gravada antes pelo grupo Os 3 do Nordeste.


"Atendendo ao meu  povo", lançado em 79 deu sequência  ao sucesso  obtido anteriormente. Neste disco seu filho o também sanfoneiro Marcos  Farias, compôs duas músicas em  parceria com o  sanfoneiro Genaro, "Não teve  fim"  e "Volte logo amor" . Zé Pretinho da Bahia estava presente em parceria com Tarcísio Capistrano em "Buraco  no tamanco".

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