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Jackson do Pandeiro.

José Gomes Filho.
Alagoa Grande - Paraíba
31 de Agosto de 1919.
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Carreira

O paraibano Jackson do Pandeiro foi o maior ritmista da história da música popular brasileira e, ao lado de Luiz Gonzaga, o responsável pela nacionalização de canções nascidas entre o povo nordestino. Pelas cinco gravadoras que passou em 54 anos de carreira artística estão registrados sucessos como Meu enxoval, 17 na corrente, Coco do Norte, O velho gagá, Vou ter um troço, Sebastiana, O canto da Ema e Chiclete com Banana.

A história da sua carreira artística reforça a herança da influência negra na música nordestina - via cocos originários de Alagoas - que lhe permitiram sempre com o auxílio luxuoso de um pandeiro na mão se adaptar aos sincopados sambas cariocas e à música de carnaval em geral.



Dono de um recurso vocal único, ele conseguia dividir seus vocais como nenhum outro cantor na música popular brasileira. Seu maior mérito foi de ter levado toda riqueza dos cantadores de feira livre do Nordeste para o rádio e televisão, enfim para a indústria cultural. Grandes nomes da MPB lhe devotam admiração e já gravaram seus sucessos depois que o Tropicalismo decretou não ser pecado gostar do passado da música brasileira, principalmente, a de raiz nordestina.



O intérprete de uma música brasileira feita para dançar criou um estilo único de cantar. Nascido em Alagoa Grande, Paraíba, 31/08/19, numa família de artistas populares. Sua mãe, Flora Mourão, era cantora e folclorista de Pastoril e o batizou como José Gomes Filho o apelidou de Jack pelo sua semelhança física com um ator norte-americano de filmes de western dos anos 30, Jack Perry.

O Tocador de Pandeiro.

Começou na verdade, tocando zabumba, para acompanhar a mãe, mas fazia sucesso na região com o instrumento que marcaria sua trajetória: o pandeiro. Com ele, viajou em busca do sucesso. Passou por Campina Grande e João Pessoa onde adotou o pseudômino de “Zé Jack”. Sua busca pelo sucesso o leva a capital pernambucana.



Decide se tornar músico quando ouviu A Jardineira (Benedita Lacerda e  Humberto Porto). Trabalhando numa padaria forma uma dupla de brincadeira com José Lacerda, irmão mais velho de Genival Lacerda. No início da década de 50, ainda em Recife, começa a se apresentar na Rádio Jornal do Comércio onde, por recomendação de um diretor da emissora, adota o nome artístico de Zé do Pandeiro.  Tendo chamado a atenção da direção da emissora consegue gravar seu primeiro compacto de 78 rpm.  Era o xote Sebastiana que já demonstrava que além de ser o rei do ritmo, Jackson do Pandeiro, iria buscar inovações estéticas dentro da música nordestina. Ele já arriscava nas suas improvisações de vocalizações com tempo variado dentro de uma mesma música.



Torna-se depois de alguns compactos, um verdadeiro sucesso no Nordeste e Norte do país. Os ecos do seu sucesso já começava a chegar no Rio de Janeiro. O xote Forró no Limoeiro foi um sucesso estrondoso e Jackson impunha-se cada vez mais como um artista popular que se pautou pela ousadia numa época de poucos improvisos tupiniquins, vindo a se tornar referência para artistas oriundos da classe popular quanto da classe média brasileira. No Recife, conhece sua futura esposa, Almira Castilho, uma ex-professora que cantava mambo e dançava rumba  Dessa época consegue gravar pela gravadora pernambucana "Mocambo" seu primeiro sucesso: o xaxado Sebastiana de autoria do pernambucano Rosil Cavalcanti.



Jackson e Almira formavam a dupla perfeita. Desde o início se preocupavam com o visual e com as performances de palco. Ela, sensual com um belo jogo de cintura e ele, com toda musicalidade explosão de ritmos e uma voz especial. Almira teve um papel fundamental na vida de Jackson, pois o ensinou a escrever seu nome e o estimulou a expandir sua música além das divisas da Paraíba. Esta paixão avassaladora os unir e os levou, em 54, ao Rio de Janeiro. A união em casa e no palco durou até o ano de 1967 quando se desfez a dupla e o casamento. A trajetória de Jackson de Pandeiro não registra números de vendagens significativos, nenhuma aventura pelo exterior e muito menos o charme que cerca os ídolos da música popular brasileira.



Antes de mais nada, Jackson do Pandeiro pode bancar a vinda ao Rio de Janeiro com o dinheiro obtido com o compacto do rojão Forró no Limoeiro.  Ele queria conhecer os jornalistas que escreviam sobre sua música nos jornais cariocas. Conheceu a maioria deles.  Faz ainda algumas apresentações em São Paulo, em boates e em programas de auditório de rádio e tv. Convidado pelo empresário Vitorio Lattari ele grava alguns compactos. O público sulista se apaixona, então, pela embolada Um a um.  Retorna a João Pessoa e grava O xote de Copacabana uma homenagem à Cidade-Maravilhosa que o fascinou.  Casa-se em outubro de 54, em João Pessoa, com sua parceira.



Devido a aceitação do público e crítica na sua  primeira ida ao Rio de Janeiro, decide, em 55, se mudar definitivamente com a esposa Almira. Se apresenta nas emissoras de rádio, Tupi e Mayrink Veiga,  e é contrato pela Rádio Nacional. A partir daí, Jackson do pandeiro começa a transformar o rumo da música nordestina, freqüentando assim como Luiz Gonzaga, o eixo centralda indústria cultural do país.

O suingue da voz de ouro da Paraíba.

Arte.

Cantor
Percussionista
Compositor

Alguns Sons.

Discografia.

O Primeiro álbum, uma aula de ritmos nordestinos.

O primeiro álbum saiu em 54 pela Columbia (mais tarde absorvida pela Continental) reúne compactos e lança o primeiro álbum da dupla intitulado "Sua Majestade - O Rei do Ritmo". O trabalho que traz diversas composições de compositores nordestinos pode ser considerado um apanhado dos ritmos que se encobrem o título do forró.

O acelerado ritmo do rojão aparece em quatro músicas:Forró em Caruaru (Zé Dantas); Cabo Tenório (Rosil Cavalcanti), 1X1(Edgar Ferreira) e O crime não compensa (Genival Macêdo e N. de Paula). O coco tipicamente alagoano aprece em quatro músicas:Sebastiana (Rosil Cavalcanti); Cremilda (Edgar Ferreira); A mulher do Anibal (Genival Macêdo e N. de Paula)  e Coco Social (Rosil Cavalcanti). O ritmo sincopado do chote aparece em Cremilda (Edgar Ferreira) e Chote de Copacabana (Jackson do Pandeiro). O batuque nordestino aparece em o O Canto da Ema (Alventino Cavalcanti, Ayres Vianna e João Vale). O samba aparece em Falsa patroa de autoria do sambista carioca Geraldo Jacques Pereira e de Isaiais de Freitas.

Sucessos atrás de outros.

Na sequência, vêm os LPs "Jackson do Pandeiro", "Forró de Jackson", "Os Donos do Ritmo", "A tuba de muié"   e "O Cabra da Peste" que coroam o sucesso da dupla Jackson - Almira dentro da música popular brasileira. Um dos seus maiores sucesso foi o sambaChiclete com Banana que demonstra uma visão cosmopolita da música brasileira, pois a composição de Jackson e Gordurinha tem uma letra de concepção antropofágica em defesa da música nacional: "quero ver o Tio Sam, numa batucada brasileira".Os sucessos se repetem nas AMs de todo Brasil: o arrasta-pé Casaca de Couro; o xamêgo Forró na gafieira;  o baião A cantiga do sapo; os cocos O Falso Toureiro e Cajueiro. A parceria com  Gordurinha gerou outra pérola do cancioneiro popular: o samba-coco  Meu enxoval.

Demonstrando que o forró acompanhava a história do país absorvida pelo  imaginário popular, Jackson do pandeiro grava o forró de Edgar Ferreira, Ele disse,baseado na carta-testamento do ex-presidente Getúlio Vargas. A aula de sofisticacção da música de raiz nordestina de Jackson do Pandeiro continou no balanço de Capoeira mata um, no forró de autoria da esposa, Forró Quentinho, e  no baião Bodocongó de autoria de Humberto Teixeira e Cícero Nunes. No final dos anos 60, a dupla vai perdendo espaço na mídia, principalmente, devido ao fenômeno da Jovem Guarda. Em decorrência de desavenças amorosas na relação de Jackson com Almira, a dupla se desfaz em 67.  Nos anos subsequentes, Jackson cai numa espécie de ostracismo artístico, fruto do fim do relacionamentro e das mudanças no mercado fonográfico nacional. Em menos de dois anos, se apaixona por Neusa da Silva e passa a viver com ela até o resto de  sua vida.

A redescoberta pela Tropicália



Com o advento da Tropicália e seu resgate da música nordestina Gilberto Gil regrava, em 72, e faz sucesso com Chiclete com Banana gravado no álbum "Expresso 222".  Na faixa-título desse álbum fica evidente a influência de Jackson do Pandeiro na contrução rítmica e vocal da música. Anos depois, ele regravaria ainda O Canto da Ema e A Cantiga do Sapo. Gal Costa regravaSebastiana e o cantor e compositor Alceu Valença o chama em 72 para defender em dupla com o coco-elétrico Papagaio do Futuro. Um público jovem de classe média universitária começa a se interessar pela música de Jackson do Pandeiro.
Reestimulado pelo apoio, Jackson do Pandeiro volta a gravar, em 72, pela CBS e lança outro álbum primoroso: "Sina de Cigarra". Os destaques para a faixa-título e o primeiro rojão gravado, Catirina, do compositor alagoano Jararaca e O Puxa Saco de Zé Catacra. Também, a malemolência do samba carioca na divisão de voz de Jackson em Chico Chora de autoria de Bezerra da Silva -Ataylor de Souza e Paulo Filho. Dois anos depois, ele grava pela o álbum "Se tem mulher to lá" da gravadora Chantecler que consegue alcançar projeção nas rádios AMs.

Nos anos seguintes, continua a fazer shows perlo Brasil afora, mas tem seu nome artístico ligado mais à sazonalidade das festas juninas do que ao mercado de MPB, apesar do reconhecimento da crítica especializada. Lança ainda nos anos 70, os LPs "Um nordestino alegre" e "Nossas raízes", mas já não tem a mesma projeção nacional dos anos 50.

Último álbum e morte na "estrada".



Em 81, grava pela Polygram seu último trabalho: "Isso é que é forró" que traz um Jackson do pandeiro exibindo música forrozeira em Quem tem um não tem nenhum e sambas sincopados, como o Competente demais de sua autoria. O último disco contou com a presença do conjunto Borborema com produção  de Armando Pittigliani que respeitou os arranjos concebidos por jackson do pandeiro. No ano seguinte, durante excursão empreendida pelo país, Jackson do Pandeiro que era diabético desde os anos 60, morreu, aos 62 anos, no dia 10/07, em Brasília, em decorrência de complicações de embolia pulmonar e cerebral. Ele tinha participado de um show na cidade uma semana antes e no dia seguinte passou mal no aeroporto antes de embarcvar para o Rio de Janeiro. Ele ficou internado  na Casa de Saúde Santa Lúcia. Foi enterrado em 11/07 no cemitério do Cajú no Rio de Janeiro com apresença de músicos e compositores popoulares, sem a presença de nenhum medalhão da MPB. O futuro dam carreira parecia se reabrir, pois a Ariola queria fazer um disco dele com participações com nomes da MPB, como Alceu Valenca, Moraes Moreira e Elba Ramalho. Não houve tempo para o reencontro de Jackson do Pandeiro com o sucesso e com uma outra geração de fãs.

1955: Jackson do Pandeiro
1956: Forró do Jackson
1957: Jackson e Almira - Os Donos do Ritmo
1958: Forró do Jackson
1959: Jackson do Pandeiro
1960: Sua Majestade - o Rei do Ritmo
1960: Cantando de Norte a Sul
1961: Ritmo, Melodia e a Personalidade de Jackson do Pandeiro
1961: Mais Ritmo
1962: A Alegria da Casa
1962: ...É Batucada!
1963: Forró do Zé Lagoa
1964: Tem Jabaculê
1964: Coisas Nossas
1965: ...E Vamos Nós!
1966: O Cabra da Peste
1967: A Braza do Norte
1970: Aqui Tô Eu
1971: O Dono do Forró
1972: Sina de Cigarra
1973: Tem Mulher, Tô Lá
1974: Nossas Raízes
1975: A Tuba da Muié
1976: É Sucesso
1977: Um Nordestino Alegre
1978: Alegria Minha Gente
1980: São João Autêntico de Jackson do Pandeiro
1981: Isso é que é Forró!

Curiosidades.

Nordestinidade, sambas Cariocas e marchas de carnaval.

A pedido da demanda do mercado musical carioca, Jackson do Pandeiro grava marchas de carnaval, comoMão na toca, Intenção e Boi da cara preta. Em 62, ele viria a gravar um grande sucesso carnavalesco do ano de 62, a marcha Me segura que eu vou dar um troço.Adaptado aos diversos ritmos brasileiros de raiz, Jackson do Pandeiro demonstrou ser artista com livre trânsito na base musical brasileira, um artista completo. Ele começou, também, teve a sacação de misturar a malandragem e a malícia do samba carioca com o suingue das emboladas e dos cocos nordestinos.



Durante a década de 50, Jackson e Almira ganham projeção na mídia nacional e começam a atuar como artistas em filmes populares, como "Minha sogra é da polícia", "Cala boca Etevilna",  "Tira a mão daí" e "Batedor de carteiras".  Destaque para a película "Tira mão daí" em que Jackson do Pandeiro de 1956 em que o músico atuou ao lado de Ângela Maria, Virgínia Lane e das irmãs Linda e Dircinha Batista. Até a dissolução da dupla, o trio "Pau de Arara" - formado pelos irmãos Geraldo "Cícero", João  "Tinda" Gomes, pelo sobrinho Severino e Vicente e Pacinho - os acompanhava no formato de típico de "trio" nordestino - zabumba, triângulo, arcodeon,  pandeiro e violão. Depois da dissolução, o conjunto foi rebatizado de Borborema.

Homenagens e reconhecimento póstumos.

Um ano após a morte de Jackson, foi realizada em São Paulo a Mostra "30 anos de Rojão" que reuniu fotos, filmes e shows em homenagem a Jackson do Pandeiro. O evento contou com a participação de Zé Keti, Mineirinho, Odair Cabeça de Poeta, Paulinho Boca de Cantor, Edgar Ferreira. O paraibano Jackson do Pandeiro é escolhido para ser o artsita homenageado na Décima-Primeira edição do Prêmio Sharp que foi realizado em 13 de maio de 97. A nata da MPB prestou tributo a Jackson do Pandeiro em interpreatações ou em regravações. A lista de nomes é grande e não para a cada ano de crescer: Alceu Valença, Gilberto Gil, Gal Costa, Lenine, João Bosco, Paralamas do Sucesso, Geraldo Azevedo, Genival Lacerda, Zé ramalho, Tom Zé,  Cascabulho, Chico César, Leila Pinheiro e Chico Buarque.

Costumo sempre dizer que o Gonzagão é o Pelé da música e o Jackson, o Garrincha.
                                                                                                                                                              Alceu Valença.

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