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Bule Bule.

Antônio Ribeiro da Conceição.
Ipacaetá - Bahia
23 de Outubro de 1952.
Site:

Carreira

O samba rural e o repente nordestino baiano tem um representante ativo nos últimos 30 anos. Bule-Bule, Antônio Ribeiro da Conceição completou no dia 23 de outubro desse ano 52 anos de idade e 32 de carreira artística. Bule-Bule que nasceu em Ipacaetá (próximo à Feira de Santana) é considerado um legítimo defensor de gêneros musicais nordestinos, como das chulas  do sertão, cocos, martelos, agalopados, xote, marche de pé-de-serra e repentes. Consegue unir o lado negro e mouro da cultura do sertão com alguns elementos da cultura do Recôncavo. Escritor de cordéis, Bule-Bule é sinônimo de celebração nordestina em alta voltagem, mas desplugado da tomada.

                                                                                                                                               ï»¿O Cantador do samba rural baiano.

Antes de mais nada, Bule-Bule cresceu sob a influência do samba rural do sertão e do Recôncavo, além dos repentes sertanejos. Refletindo a estrutura psico-social do partriarcalismo  típico do Nordeste, Bule-Bule não esconde a paixão pela figura do pai,  o tiraneiro Manoel Muniz, que faleceu em  96, aos 81 anos de idade. Por ele, que era sambador, lhe ensinou as artes e traqueijos da essência sertaneja que ele somou à vivência com os repentistas e seus versos de cordel.

Criado numa região que fica na entrada do sertão e próximo ao Recôncavo, Bule-Bule mergulhou no samba rural derivado da região sertaneja, mas com ligeira influência da chula do Recôncavo. Muitos dos camponeses da região de Bule-Bule vão cortar cana-de-açucar quando retornam com a influência da chula típica do Recôncavo, mais sincopada e menos "gritada" do que a chula rural sertaneja. Desagregado da indústria cultural, Bule-Bule fez sua carreia de cantador e sambista longe da lógica e do ritmo alucinado da indústria cultural. Rodou o interior da Bahia e diversos estados do Nordeste e do Brasil como artista popular e regional.

Bule-Bule escreveu diversos cordéis de tom contemplativo existencial e, também, de cunho político. Durante o regime militar, fez diversos cordéis clamando por liberdade de justiça social. Até cordel de fundo ecológico ele confeccionou. Em, 82, fez "Peço para não acabar com o Raso da Catarina, no sertão da Bahia, que iria servir de depósito de lixo atômico nos anos 70. O cordel se utiliza de imagens do imaginário sertanejo para defender a natureza: "A alma de Lampião resolveu dar um passeio/ Mas achou o Raso feio, não quis nem pisar no chão/ Rezou uma oração sobrevoando a campina/ Apontou a carabina, somente pra ameaçar/ Peço pra não acabar o Raso da Catarina".

Arte.

Cantor
Percussionista
Compositor
Cordelista

Alguns Sons.

Discografia.

Primeiro registro fonográfico.
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Depois de atravessar a década de 70 fazendo shows em praças e clubes do interior do Nordeste, Bule-Bule só consegue colocar sua arte de raiz nordestina no acetato em 79, através do álbum coletivo com o cantador baiano Zé Pedreira. O álbum preenche a faceta de cantador de Bule-Bule, mostrando composições como: Minha Terra; Bahia do Candomblé, do Petróleo e da Capoeira; Hino dos Trovadores, Todo novelo termina no fundo da sepultura; Condenado por amor; Estão querendo acabar com as riquezas no sertão e O Poeta.

O álbum tem relativa repercussão no segmento de música regional do mercado fonográfico brasileiro  e Bule-Bule atravessa os anos 80 sem espaço nas grandes gravadoras para fazer gravações em disco, mas sem nunca deixar de fazer shows. Praças públicas, teatros,  palanques e outros espaços foram ocupados em todas as cidades do Brasil onde ele conseguiu se articular para se apresentar.



Cidadão de Honra de Salvador grava segundo álbum.​



Reconhecido pela crítica especializada, mas com sua projeção muito restrita a Bahia e circunvizinhanças, Bule-Bule tem no recebimento, em 93, pela mãos da prefeita Lídice da Mata do Título de Cidadão Honorário de Salvador, uma demonstração do reconhecimento oficial do seu valor para a cultura baiana. Mas, Bule-Bule quer mais e volta a insistir na sua carreira artística. Continua lançando livros de literatura de cordel e realizando shows com seu grupo chamado "Cacimba Nova".



Depois de uma série sequências de shows durante a década onde consegue formar um público mais consolidado, principalmente, os das casas de espetáculo mais ligados à MPB e regionalismo no Nordeste e até na capital paulista, Bule-Bule grava, em 95, com o parceiro, o  cantador e violeiro Antônio Queiroz gravar o álbum "Fome e vontade de comer".

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Nesse álbum, ele consegue trazer o samba rural e toda sua riqueza estética "roots". A faixa-título, A Máquina de Laura Moura, Meu canário Avuou, Você, morena  e Sem mentir ou sem verdade são chulas de tom poético-regional que se destacam no álbum.

Curiosidades.

Preservador e estimulador da cultura popular.​



Sentido a necessidade de atuar em outras frentes como aglutinador cultural, Bule-Bule funda, em 97, o Instituto de Pesquisa, Estudo e Ensino  da Cultura Popular do Nordeste (Ipecpon). O objetivo é que o centro venha a servir em várias cidades da Bahia como local de pesquisa e formação de grupo ligados ao folclore e à cultura de raiz nordestina. Ainda atuando de forma incipiente, Bule-Bule aguarda para o ano 2000 maiores desdobramentos em termos de atuação prática da Ipecpon.



Bule-Bule montou, em 99, um novo show "Só não deixei de sambar". O que pretende fazer um resumo e lançar os novos rumos da sua carreira artística. Para comemorar os seus 52 anos de vida e 32 anos de carreira artística, Bule-Bule que traz repentes, chulas, cocos, martelos e xotes com o acompanhamento do grupo Cacimba Nova formado por Antônio Queiroz (viola) , Djalma Gomes (violão) e Otávio Ribeiro (percussão e efeitos) com a participação da violonista Adriana Weissheimer. O show vai servir de base para o próximo álbum de Bule-Bule a ser lançado no próximo ano (ano 2000).



Bule-Bule vai virar o milênio na fé de que a arte genuína é derivada da vivência e da essência de cada ser humano, sem ter nenhuma relação aos modismos da vida moderna. Por isso, reclama da superficialidade do atual pagode baiano do resto país. Seguindo sua sina artística, Bule-Bule vai levar seus repentes, batuques e chulas rurais para tentar sua inserção dentro do segmento da Música Popular Brasileira, uma vez que sua arte é nordestina genuína e traz o dom universal do homem cantador da vida.

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