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Armandinho, Dodô & Osmar.

Dodô e Osmar.
Salvador - Bahia
1920 e 1923.
Site:

Carreira

Os soteropolitanos Adolfo Nascimento ("Dodô" - 10/11/20)  e Osmar Alvares Macêdo (22/03/23) foram responsáveis por um dos capítulos mais férteis da história da música de raiz nordestina e até mundial. Eles conseguiram além de eletrificar o frevo pernambucano e criaram uma nova forma de levar a música para os foliões do carnaval de Salvador e depois de todo o Brasil. A dupla esteve na ponta do desenvolvimento tecnológico agregado à música, pois criou, no ano de 42, uma guitarra elétrica, "a guitarra baiana", um ano depois do norte-americano Les Paul ter construído seu primeiro protótipo de guitarra elétrica.

A "dupla  elétrica" também elevaram o frevo a um nível instrumental jamais imaginado pelos pernambucanos. Dodô & Osmar estabeleceram novos padrões para o ritmo e depois viriam a incorporar outros gêneros musicais nordestinos e outros à folia “carnavalizante” do Trio Elétrico que mudou a face do carnaval na Bahia e depois em todo o país.



No ano de 1942, o mundo vivia os transtornos da Segunda Guerra Mundial e o violonista Benedito Chaves chegava à Bahia para exibir seu violão elétrico no cinema Guarani, na Praça Castro Alves. Os jovens Dodô e Osmar foram conferir a audiência do músico e observaram que o violão era bem tocado, mas tinha microfonia e o artista precisava  mudar a posição do amplificador a todo instante, interrompendo a apresentação. Eles resolveram pesquisar os corpos maciços das madeiras dos violões elétricos e conseguiram aperfeiçoar um corpo com cepo maciço de jacarandá maciços e colocaram o captador em baixo das cordas, conseguindo obter um som alto e sem o efeito de microfonia.

Dodô era expert em eletrônica e trabalhava construindo instrumentos de som e tocava violão estridente enquanto Osmar tocava cavaquinho, bandolim e guitarra havaiana e gostava de adaptar arranjos de músicas clássicas e populares ao ritmo quente da folia. Ele era ao lado do instrumentista paulista Poly um dos melhores tocadores de guitarra havaiana do Brasil. Dodô consertava instrumentos e os dois tocavam frevos pernambucanos e choros cariocas num conjunto amador chamado "Os Três e Meio".

Em 1950, a pedido do governado da Bahia, Otávio Mangabeira, o bloco "Vassourinhas" de Pernambucano desfilou pelas ruas do Centro  da cidade e causou uma grande animação no meio da população. Inspirado pela alegria contagiante dos pernambucanos, a "dupla elétrica" resolve subir a bordo de uma Ford de 1929 - com suas guitarras baianas e dois músicas na percussão -, e desfilam do Campo Grande rumo à Praça da Sé, mas como uma multidão os acompanhou foi impossível completar o percurso. O povão fez um verdadeiro "arrastão" da alegria até chegar na Praça Castro Alves. Estava se iniciando o fim do estilo antigo de Carnaval de rua em Salvador.

As ruas do Centro da cidade eram tomadas, até 50,  por um desfile sem música de automóveis abertos com as famílias dos negociantes abastados jogando confetes, serpentinas e lança-perfume. Atrás deles, desfilavam os grandes clubes, blocos e mascarados, como "Os Fantoches de Euterpe", "Cruz Vermelha" e "Os Inocentes em Progresso".  No passeio das avenidas do Centro da cidade, as famílias disputavam o espaço para ver os desfile. A maioria da população, discriminada, contentava-se com os afoxés e batucadas na área da Baixa de Sapateiros e rendondezas. O trio elétrico trouxe o povo para o eixo central da festa.

Esse tal "Trio Elétrico".
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A partir do ano seguinte - com uma caminhonete e com a participação do parceiro de nome Temístoles Aragão tocando o terceiro "pau elétrico",  o Trio Dodô & Osmar continuou a executar seus frevos, chorinhos e até músicas clássicas em ritmo "carnavaletrificado". Outros trios começam a surgir na cidade - como o "Tapajós", "Ypiranga", "Marajós" e "Saborosa" - na esteira do seu sucesso de popular.

Arte.

Cantores
Musicos
Compositores
Produtores

Alguns Sons.

Discografia.

1975 – JUBILEU DE PRATA
1976 – BAHIA... BAHIA... BAHIA...
1977 – POMBO CORREIO
1978 - LIGAÇÃO
1979 – VIVA DODÔ E OSMAR
1980 – VASSOURINHA ELÉTRICA
1981 – INCENDIOU O BRASIL
1982 – FOLIA ELÉTRICA
1983 – ELETRIZANDO O BRASIL
1984 – A BANDA DA CARMEM MIRANDA
1985 – CHAME GENTE
1987 – AÍ EU LIGUEI O RÁDIO
1992 – ESTADO DE GRAÇA

Curiosidades.

Homenagens e morte do parceiro Dodô

O destino não permitiu a Dodô ver frutificar em todo país e até além da fronteira do Brasil. Em 15 de junho de 78, ele morreu e deixou só o seu parceiro Osmar que desde 38 faziam música juntos. Artesão por excelência, ele fabricou todas a maioria das guitarras baianas existentes na Bahia até o final dos anos 70. Sua habilidade como luthier era de intensa criatividade. Quando Osmar teve necessidade de tocar vilão tenor e guitarra baiana, ele confeccionou, em 48, um instrumento de dois braços. A pedido de Armandinho, ele, também, construiu uma guitarra-cavaquinho a qual foi dada o nome de "Dodô e Osmar". por ser o instrumento da dupla.



Surge a marca "Armandinho, Dodo & Osmar".

Em 80, eles resolveram entrar na nova década lançando um novo álbum "Viva Dodô & Osmar" e se intitulando,  a partir daí como "Armandinho, Dodô e Osmar". A mudança do nome da banda ocorreu em decorrência da projeção que o guitarrista já tinha alcançado em nível nacional devido ao trio elétrico e ao grupo "A Cor do Som" que ele, também, participou entre 77 e 82. Eles conseguem incorporar, em definito, em 79, no álbum "Viva Dodô e Osmar" a sonoridade afro de Salvador para o repertório da banda, antes bastante calcado no compasso binário do frevo.



A década de 90.


O trio elétrico ainda teve fôlego para lançar outros álbuns até o início da década de 90 incorporando até o samba-reggae no seu repertório. Suas composições ganharam novas roupagens com a interpretações de Gilberto Gil, Carlinhos Brown, Alceu Valença, Daniela Mercury, Margareth Menezes, Durval Lélys, Moraes Moreira, Bel Marques e Durval Lélys, Moraes Moreira e Bel Marques.



O repertório tem Pombo Correio aparece na voz de Daniela Mercury. Margareth Menezes regravou Natal, como te amo e Gilberto Gil canta Taiane. A paraibana Elba Ramalho interpreta Manifesto e Luiz Caldas ataca de Dodô no Céu, Osmar na Terra. Durval Lélys canta o hino Jubileu de Prata e Ricardo Chaves, Portando sonhos. Carlinhos Brown interpreta Diabolô e Bell Marques ficou com Baiana Brejeira. O pernambucano Alceu Valença canta Frevo Doido e Moraes Moreira, Nosso Grande Noé. O filho André Macedo gravou  Frevo do Trio.  A música Nosso grande Noé é uma composição inédita de Moraes Moreira em cuja letra é retratada a carreira artística e como engenheiro de Osmar Macedo.



Em agosto de 97, Osmar adoece e vem a falecer, deixando a Bahia de luto. Numa última homenagem, seu corpo é velado no Palácio, no Passeio Público, e seu corpo desfila pelas ruas do Centro da cidade em cima de um carro do Corpo de Bombeiros acompanhado por uma multidão. O trio elétrico “Tripodão” acompanhou o cortejo tocando no som mecânico vários sucessos de “Dodô e Osmar” sob os aplausos da multidão que chegou até a dançar respeitosamente.  Antes do enterro no cemitério Jardim da Saudade, no bairro de Brotas, uma parada emocionante do cortejo na Praça Castro Alves onde Osmar comandou  por diversos anos o encontro de trios elétricos que fechava o carnaval de Salvador. e onde, hoje, está um busto dos dois pais do trio elétrico e da guitarra baiana. O trio elétrico segue comandado pelos filhos e neto do velho Osmar: o pai da música elétrica baiana.

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